Anita e os seus 100 anos cheios de vida

Foto: Luís Carregã
Se há um olhar com vida é o dela. Anita, 100 anos, é cativante. De tal forma que hoje, tal como nos outros dias, a casa, ali bem perto da Universidade de Coimbra, voltou a encher-se de amigos.
Ana Franco Colaço nasceu a 6 de abril de 1911. Não casou, mas sobre esse assunto, fecha-se em copas. “Isso faz parte da minha intimidade”, diz, entre um encolher de ombros.
Pode não ter casado, mas o amor deu-o a quem foi passando pela sua vida: o pai, a mãe – que esteve acamada durante 15 anos e de quem tratou com desvelo –, os irmãos, os sobrinhos, os vizinhos (alguns estudantes) que ainda hoje fazem parte da sua família.


Hoje, a Anita – que dedicou a vida aos lavores –, fugiu aos jornalistas. “Sempre que via na televisão uma reportagem sobre mais um centenário dizia: Deus me livre de me fazerem isto!”. Mas os amigos pregaram-lhe uma partida. “Não estou chateada. Estou aborrecida”, afirmou, dedo em riste, mas com indisfarçável carinho .
Raspanete dado, a aniversariante ainda cantou a “Coimbra do Mondego”, de José Afonso. Gosta de fado. E de rezar. Não há dia em que não reze um terço por todos aqueles que a acarinham. Como são tantos aqueles que a cobrem de mimos, Ana Colaço tem tarefa para todo o dia.
Para quem tem muito menos idade, e anda às vezes como se tivesse um peso de 100 anos na alma, é reconfortante descobrir que há pessoas assim. Anita, como a cidade que a abraçou, é uma lição. De vida.

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