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A mostrar mensagens de novembro, 2011

Memória

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DR     Guardo–te na memória desde os meus 12 anos. Sentada na varanda, junto ao postigo da casa dos meus pais. A tristeza tinha–te vestido de preto, muito antes de eu ter nascido. Talvez por isso recorde ainda hoje o teu sorriso triste mas sempre tão meigo quando falavas comigo. Permanecias as tardes sentada junto ao jardim, e ali estavas, durante horas, escondendo entre as mãos marcadas pelo tempo, o terço que alguém te oferecera. Nunca entendi o significado das tuas orações. A fé que trazias contigo era uma equação impossível para uma criança como eu. Mas quando eu chegava, interrompias as tuas conversas com Deus, falavas–me de ti ou do avô, que havia partido muitos anos antes. E das minhas boas lembranças de infância, guardo no “baú dos tesouros” as palavras que ias desfiando à medida que o sol se punha. Um dia, a tua luz apagou–se. E eu senti falta. Senti falta de regressar da escola e ver–te sentada junto ao postigo da casa, rezando para o mesmo Deus que te levar